A atriz Micheli Santini recria em cena a história da Ovelha Dolly, primeira mamífera clonada no mundo. Dolly se torna uma celebridade instantânea e passa a questionar sua existência junto ao rebanho, afinal ela é uma ovelha diferenciada, um animal de sacrifício. O texto de Fernando de Carvalho proporciona um espaço de jogo entre o público e a performer, brinca com códigos estruturantes do mundo ocidental ao friccionar noções de individuação e coletividade num rito alucinante. A obra lida com estereótipos da cultura do espetáculo e tenta provocar uma desautomatização de quem assiste. Dolly bufa, rumina, berra ao transitar nas fendas dos discursos massificados e agencia o caos enquanto sua carne apodrece à espera do abate.